domingo, 26 de junho de 2011

Educação

A educação espartana conserva o mesmo fim claramente definido: o adestramento do hoplita. Organizada inteiramente em função das necessidades do Estado, está inteiramente nas mãos deste. Ser educado segundo as normas é uma condição necessária, senão suficiente para o exercício dos direitos cívicos.

Assim que nascida, a criança deve ser apresentada no Lesqueu, a uma comissão de anciãos, e só é aceito quando é belo, bem formados, robusto; os raquíticos e disformes são condenados a ser lançados no monturo, nos Apotétas.

Até os sete anos o Estado consente em delegar seus poderes à família. Ao atingir sete anos, o jovem espartano é requisitado pelo Estado: até a morte, pertence-lhe inteiramente. A educação propriamente dita vai dos sete aos vinte anos; ela é disposta sob autoridade direta de um magistrado especial. A criança é integrada em formações juvenis, cujas categorias hierarquizadas. Aos vinte ou vinte e um anos o jovem, tendo concluído sua formação, mas não havendo satisfeito ainda todas as exigências do estado totalitário, entrava nas formações de homens feitos.

Esta educação de Estado é uma educação seletiva, que subtrai a criança à sua família para fazê-la viver numa comunidade de jovens. Nos quatro primeiros anos, os “lobinhos”, eram reunidos somente para jogos e exercícios; é aos doze anos que o rapaz, submetido a uma disciplina mais severa, deixa a casa paterna pelo internato, onde não irá sair, mesmo depois de casado, antes dos trinta anos.

O adestramento dos jovens recrutados visa torná-los soldados: todo é sacrificado a esse objetivo único.
Embora a o aspecto intelectual da educação fosse reduzida a um mínimo, os espartanos não eram completamente iletrados: eles aprendiam pelo menos o necessário à leitura e à escrita.

Todo o esforço visa à preparação militar: vale dizer que a educação física ocupa o primeiro lugar; mas a prática dos esportes atléticos, e com estes a caça, já não está mais ligada a um estilo de vida nobre, e sim ao desenvolvimento da força física. Muito cedo, sem dúvida, a ginástica juntava-se a um aprendizado direto do oficio militar: manejo de armas, esgrima, dardo, etc.

A educação do soldado atribuía tanta importância à preparação moral quanto à preparação técnica. A educação espartana é completamente orientada para a formação do caráter. Tudo é sacrificado à salvação e ao interesse da comunidade nacional: ideal de patriotismo, de devotamento ao Estado até o sacrifício supremo. Mas, sendo a única norma do bem o interesse da cidade, só é justo aquilo que serve ao engrandecimento de Esparta; por conseguinte, nas relações com o estrangeiro, e comum o maquiavelismo. Interiormente, procura-se desenvolver o senso comunitário e o espírito de disciplina.

A moral cívica fundada no devotamento à pátria e na obediência às leis desenvolve-se num clima de austeridade e de ascetismo, tão característico de Esparta quanto dos Estados modernos que procuraram imitá-la. O educador espartano procura desenvolver no jovem a resistência à dor: impõe-lhe, sobretudo a partir dos doze anos, um regime de vida áspero, no qual a nota de rudeza e de barbárie vai se acentuando continuamente.


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